A conquista romana da Britânia iniciou-se no ano 55 da Era Comum, com a primeira expedição de Júlio César. Desde então firmou-se com alianças comerciais e diplomáticas, prosseguindo rapidamente.
Na Grã-Bretanha, a primeira invasão propriamente dita foi planeada pelo imperador Cláudio e aconteceu em 43 da Era Comum. Dista apenas 261 anos do início da conquista da Península Ibérica, que começou com a Segunda Guerra Púnica, em 218 antes da Era Comum e se deu em várias fases, tendo o fim das Guerras Cantábricas marcado o início da ocupação romana nas regiões mais a noroeste, que eram dominadas pelos Cântabros, os Ástures, e os Calaicos ou Galaicos mais nortenhos. É interessante perceber que a derradeira ocupação do noroeste só começou no ano 19 antes da Era Comum, ou seja, meros 62 anos antes da principal invasão romana da Grã-Bretanha.
A presença dos Romanos na Britânia foi largamente pagã, conforme comprovam as ruínas de templos, que continuam a ser desenterradas em sítios como a Catedral de Leicester. Existiu Culto Imperial, Culto Militar, e vários cultos sincréticos. Um dos mais importantes foi o de Sulis-Minerva, em Bath. O seu templo romano-céltico funcionou, aproximadamente, entre o ano 65 e o ano 400. Quanto a fortificações, a Muralha de Adriano, no norte de Inglaterra e sensivelmente na atual fronteira escocesa, foi construída num ápice, entre 122 e 126, e a Muralha de Antonino, no Central Belt da Escócia, entre 140 e 142. Ambas tiveram a função de delimitar as fronteiras setentrionais do Império Romano na Grã-Bretanha e de conter os Caledónios, que eram essencialmente Pictos. No início do século V, os Romanos estavam de saída da Britânia e o decadente Império Romano do Ocidente terminou em 476, dando azo a múltiplas invasões e ao período da Ressurgência Céltica Britânica, numa época em que nem a Escócia nem Gales eram totalmente cristãs.
No final do período pré-cristão, os Celtas da Éire, irlandeses gaélicos, começaram a atacar o oeste da Grã-Bretanha, à semelhança dos Pictos da Escócia e dos Saxões da Germânia, noutras regiões da ilha. Tendo sido bem-sucedidos estabeleceram colónias; os Érainn de Munster foram para a Cornualha, os Laigin de Linster, para o sul de Gales, e os Déisi do sudeste, para o norte de Gales. Segundo o que Cormac of Cashel escreveu em 908 da Era Comum, o domínio dos irlandeses sobre os britónicos era grande. Eles dividiram em estados os territórios da Grã-Bretanha que dominavam e viviam a leste do seu mar como na sua própria ilha, mas os britónicos derrotaram estes colonos, no decorrer do século seguinte. Apesar disso, alguns reis irlandeses continuaram a dominar o sul de Gales, até cerca do século décimo.
O surgimento, em absoluto, do Cristianismo nas Ilhas Britânicas não deve ser confundido com a implantação da Igreja de Roma, porque chegou antes a Glastonbury e à Irlanda, vindo diretamente da Judeia. Assumiu um cariz céltico, distinto e sem nenhuma influência papal. Na Grã-Bretanha, as primeiras pequenas comunidades cristãs romano-britónicas datam do final do século III e do século IV. Os missionário romano-britónicos, chegaram à Irlanda mesmo antes do século V e foi em meados desse século que o Cristianismo se tornou a religião predominante, devido à acção desses missionários. Em particular, depois de São Patrício ter convertido os reis célticos e fomentado o surgimento de vários novos santos insulares. Contudo, a tónica continuou a ser céltica.
É claro que a cristianização nas Ilhas Britânicas teve alguns avanços e sofreu muitos retrocessos, porque as práticas pagãs e a tradição oral permaneceram, fora dos núcleos cristãos, que eram como pequenas cidades monásticas governadas ao estilo druídico, por um abade. Assemelhavam-se um pouco aos anteriores núcleos sacerdotais, como aqueles que se estabeleceram em Ynys Môn e, de acordo com vários indícios, em torno de Ynys Witrin, ou seja, Glastonbury, onde podem ter coexistido com os primeiros cristãos que ali se fixaram. De acordo com evidências arqueológicas noticiadas na Primavera de 2018, isso terá acontecido, pelo menos, cerca de duzentos anos antes da fundação do mosteiro anglo-saxónico, que data do início do século VIII.
No século VI, as igrejas bretãs e irlandesas não sofriam qualquer influência do papa Gregório, não conferiam muito destaque aos bispados, estavam isoladas, tinham a sua própria organização, priorizavam um ascetismo fervoroso e a vida intelectual. As invasões de povos germânicos, logo em meados do primeiro milénio, introduziram os seus próprios cultos tradicionais, que influenciaram, revitalizaram e foram influenciados pelas persistentes tradições célticas. Durante a Missão Gregorina de 597, Augustine, que se tornou o primeiro Arcebispo da Cantuária, e cerca de quarenta religiosos, chegaram às costas de Kent, numa tentativa de conversão do rei saxónico Ethelbert, que os recebeu no exterior, para que se dissipasse qualquer magia urdida pelos clérigos.
Antes disso, Guildas o Sábio, um monge britónico da Escócia, relatara que, nas regiões do leste da Grã-Bretanha, dominadas pelos saxões, existiam locais de cultos pagãos e muitos sacrifícios de animais a divindades germânicas. No ano 600, Gregório descreveu o método a adotar para a conversão dos bretões, que espelhava as ideias de Martinho de Braga, ou São Martinho de Dume, que foram adotadas no noroeste peninsular e por toda a Europa. Só ao longo do século VII é que todo o País de Gales foi convertido, mesmo antes das grandes invasões anglo-saxónicas, durante as quais esta nação céltica, finalmente cristã, foi um verdadeiro bastião defensivo, praticamente impenetrável; o que ainda hoje é evidente ao nível da sua herança genética. O Cristianismo Céltico católico só foi suplantado pelo anglicanismo, fundado em Inglaterra, em 1534, por Henrique VIII.
Imagem de destaque:
Detalhe central de escudo romano, com triscele e em cobre, final da Idade do Ferro, encontrado no lado oeste de uma ravina de Nant Cader, a 800 pés de altitude, na enconsta de Cadair Idris, perto de Tal-y-llyn, no País de Gales. O tríscele, ou triskle, era comum em várias civilizações da Antiguidade.

